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Audiência Pública debate o diagnóstico e tratamento do câncer no Amapá

A Assembleia Legislativa do Amapá (Alap) promoveu uma audiência pública, nesta segunda-feira (29), para discutir os serviços de alta complexidade do câncer no Amapá.

Da Redação

Proposta pelo deputado Fabrício Furlan (REDE), o debate reuniu especialistas no assunto que abordaram, entre outros pontos, a conscientização sobre a prevenção e o tratamento precoce do câncer. ”Infelizmente, a medicina conseguiu avançar, não o suficiente para acabar com o câncer, porém quando a doença é diagnosticada no início, em alguns casos, há maiores chances de cura. Vamos dialogar com os agentes envolvidos nesse setor da saúde e buscar caminhos que ajudem as pessoas que fazem tratamento do câncer no Amapá e fora do Estado. Sabemos que as condições não são favoráveis para quem está acompanhando e, principalmente para os pacientes com a doença que precisam se ausentar do Estado”, disse Fabricio Furlan, ao abrir os trabalhos, destacando ainda a confiança no atual governador do Amapá, Clécio Luís. ”A saúde pública é um caos em todo o País e, no Amapá não é diferente, não seria em cinco meses que tudo poderia ser resolvido”, frisou.

O parlamentar também citou sua preocupação com os pacientes que estão realizando tratamento nos estados de Rondônia e Barretos em São Paulo onde muitos não dispõem de local para hospedagem. Fabrício Furlan solicitou através de requerimento estudos para a implantação de uma casa de apoio nessas duas cidades para os pacientes oncológicos assistidos pela Programa Tratamento fora do Estado (TFD). Os requerimentos foram aprovados na sessão do último dia 03 de maio. Fizeram parte da mesa os deputados Jory Oeiras e R. Nelson Vieira.

Iniciando o debate, a representante da Unidade Avançada do Hospital de Amor em Macapá, Rafaela Oliveira dos Santos, destacou que se fala muito em tratamento e esquece-se um pouco do básico, principalmente na prevenção. Para isso, a extensão da unidade do Hospital de Amor realiza a prevenção do câncer da mama e colo de útero no Estado. ”Se não estivéssemos realizando esse trabalho como estas mulheres iriam receber esse diagnóstico? Mais de 30 mil mulheres passaram por acompanhamento em 2022 e tivemos mais de 200 casos confirmados no Amapá. É com a prevenção que começa o tratamento que salva vidas. Hoje, estamos vivendo um cenário de descaso, devido a falta de comprometimento e incentivo por parte das autoridades; não podemos pular o básico e ir direto para o tratamento, precisamos olhar o que está sendo feito na prevenção”, destacou Rafaela, citando a própria experiência de um familiar que está em tratamento no município de Barretos, em São Paulo.

Para o presidente do Instituto do Câncer Joel Magalhães (Ijoma), padre Paulo Roberto Matias, a luta contra o câncer no Estado, deveria ser despolitizada. ”Quando falamos do combate e atendimento às vítimas de câncer no Amapá, precisamos entender que não estamos falando de gestores”, frisou, aproveitando para relembrar sua luta em favor dos pacientes oncológicos, luta essa que pretende relatar em livro. ”Escreverei um livro porque talvez eu seja a pessoa que mais tenha vivido esse dia a dia de combate e ajuda às vítimas da doença”, comentou.

Representando o Ministério Público do Estado (MPE), o promotor de Justiça Wueber Duarte Penafort, titular da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública de Macapá, destacou que há mais de uma década vem trabalhando em defesa da melhoria da saúde pública no Amapá.

Segundo o promotor, em 2010 o MPE entrou com ação contra o Estado para que fosse reestruturada a Unidade de Tratamento de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon). ”A ação foi julgada procedente e até hoje o estado não conseguiu cumprir o mínimo. Veja que nem uma ação judicial, transitada em julgado é capaz de mudar uma realidade fácil”, destacou o promotor, informando que o Estado tem um passivo, desde o Governo Aníbal Barcelos (1991-1995), de R$ 590 milhões na saúde que só será resolvido quando os poderes legislativo, judiciário, executivo estadual e o MPE, abraçarem a causa e, juntos, discutirem e encontrarem as soluções. ”Na última eleição foram gastos R$ 6 bilhões de dinheiro público, caso tivéssemos disponibilizado R$ 2 bilhões para a saúde, ajudaria em muitas coisas”, afirmou.

Ex-paciente de câncer, o juiz titular do Juizado Especial Zona Norte, Marconi Pimenta, relembrou o momento em que recebeu a notícia e sua dura batalha traçada contra a doença. ”A gente perde a noção do espaço e tempo”, disse o juiz, falando também de sua luta dentro do juizado, em favor dos doentes de câncer.

A secretaria estadual de Saúde, Silvana Vedovelli, elogiou a iniciativa da Assembleia Legislativa, através do deputado Fabrício Furlan, em discutir um tema tão importante. ”Cheguei aqui meio cabisbaixa, mas agora tenho a certeza que sairei daqui com mais vontade de trabalhar do que eu tenho todos os dias”, comentou a secretaria ao iniciar sua participação na audiência pública.

A secretaria reconhece que há muito a fazer pela saúde pública no Amapá, mas que o governador Clécio Luís tem colocado a saúde do estado como a prioridade número um. Vedovelli citou as dificuldades encontradas todos os dias na área da saúde. ”Conseguimos aumentar o número de leitos da Unacon e já temos um local definido para montar o laboratório dessa unidade dentro do Hospital Alberto Lima. Ainda não é o ideal, mas melhorará e dará mais espaço para que as pessoas possam serem tratadas”, informou ela.

Finalizando, o médico cirurgião oncológico Dr. Marcel Soares agradeceu a realização da audiência pública e citou algumas iniciativas tomadas por ele quando diretor da Unacon. Um dos projetos colocados em prática foi o atendimento dos pacientes oncológicos em domicílio.

O médico citou que a expectativa de vida do brasileiro vem aumentando, ou seja, o amapaense está vivendo mais. Porém, em contrapartida o número de casos de câncer e mortes pela doença tem crescido. A estimativa para o ano de 2023 no mundo é de 19 milhões de novos casos. Já o número previsto de casos até 2040 é de 30 milhões de doentes com câncer.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, hoje o número de óbitos provocados por problemas cardiovasculares ainda é maior que o número de óbitos por câncer. Números que serão alterados até 2029, quando o número de óbitos de pacientes oncológicos ultrapassará as ocorrências causadas por problemas cardiovasculares. ”Hoje temos no Brasil 13 estados com cidades bem desenvolvidas, principalmente Sul e Sudeste cuja mortalidade por câncer é maior que as causadas por doenças cardiovasculares”, alerta Marcel Soares.

Paciente oncológica no Hospital de Amor em Barretos São Paulo, Dilciane Duarte participou online e citou as dificuldades encontradas no Amapá para o tratamento, principalmente na parte de radioterapia.

Vários convidados também fizeram uso da palavra: Julia Duarte, presidente da Associação Amapaense de Apoio aos Pacientes em Tratamento Fora de Domicílio ? Casa Nosso Lar; Dr. Elvys da Cunha Sá, odontólogo estomatologista da Unacon; professora Maria das Neves Amanajás, coordenadora do Projeto Garotinhas Solidárias; Sandra Ribeiro Gomes, diretora da Unacon; Ádria Rafaela Grimouth de Albuquerque, assistente social da Unacon e Roseane dos Santos Ferreira, diretora do Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima (Hcal).

FOTOS: Heider Torres e Olavo Reis – Dircom/Alap

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