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Pesquisador amapaense rechaça criação de teoria conspiradora sobre China e o Covid-19

Ex-reitor da Unifap, José Carlos Tavares atuou no país por vários meses e diz não concordar com acusações dos Estados Unidos.

Cleber Barbosa, da Redação

O pesquisador amapaense José Carlos Tavares, que foi reitor da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), vem atuando em trabalhos de intercâmbio na área de fármacos, principalmente na China, de onde saiu no dia 16 de janeiro deste ano, no início da pandemia pelo novo Coronavírus. Entrevistado nesta terça-feira (21) na rádio Diário FM (90,9) ele rechaçou as especulações até conspiratórias sobre os chineses terem criado o vírus em laboratório para se viabilizar vendendo o antídoto.

Falando à equipe do programa LuizMeloEntrevista, o pesquisador brasileiro disse que saiu da cidade de Wuhan – epicentro do Covid-10 – quando a própria China não havia se dado conta da gravidade do problema. “Eu só fiquei sabendo da epidemia quando desembarquei em São Paulo, quando vi o noticiário da televisão”, recorda Tavares, que por ser pesquisador submeteu-se voluntariamente a uma quarentena, mesmo sem apresentar qualquer sintoma relacionado à doença.

Sobre as acusações norte-americanas, atribui a uma teoria da conspiração totalmente descabida e improvável.
Ele admite que existem pelo mundo diversos laboratórios que trabalham com a manipulação vírus, mas para fins de saúde, exatamente para a produção de medicamentos. Lembra que o próprio laboratório em que atuou na Universidade de Wuhan, é tido como um dos mais seguros do mundo, então não acredita que foi criado para outro fim ou que saiu de lá uma alta contaminação, pois nesses grandes laboratórios de referência em estudos virais são muito precavidos em termos de evitar uma contaminação.

As experiências consistem em usar uma determinada carga viral para matar um determinado tipo de célula, pois um vírus penetra facilmente numa célula, num campo de pesquisa chamado de engenharia genética. “Também chamada de engenharia biomolecular, trabalha com determinados vírus para eliminar uma célula cancerígena, por exemplo, são alguns trabalhos que admitem a criação de vírus em laboratório, mas para o bem, digamos assim”, pondera.

Questionado sobre quais poderiam ser as vantagens de um país em fabricar um vírus agressivo, tão letal como está sendo o Covid-19, seriam muitos benefícios realmente, como a própria mudança da economia que já se observa, além do fato dos primeiros materiais produzidos para salvar vidas já são da China, o que poderia explicar as teorias conspiratórias em curso. “Depois de toda essa pandemia, aumentou muito a procura por bolsas de pesquisadores do mundo todo para ir à China, que na verdade eles já são o primeiro do mundo e vai fortalecer ainda mais, sem dúvida”, completa.

Por fim, o professor Tavares diz que a China já está testando uma medicação contra o Covid-19, e projeta que um futuro com profundas transformações na indústria de fármacos, não só na área de antivirais, como medicamentos para câncer e neuropatias. “Mas também uma grande evolução tecnológica para produção de novos modelos de materiais para a medicina, num grande ‘boom’ que será observado, portanto profundas transformações tecnológicas em todas as áreas, uma verdadeira revolução industrial em pouco tempo, como é comum em todo pós-guerra e queiramos nós estar aqui para ver tudo isso acontecer”, concluiu.

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