Missão em Cuiabá levou representantes da comunidade e novos parceiros para uma excursão técnica

O objetivo da missão foi de conhecer experiências de sucesso nas áreas de reciclagem e sustentabilidade em regiões que avançaram no sistema de proteção ambiental.

Da Redação

Durante dois dias, 19 e 20 de outubro, cinco representantes dos futuros empreendedores da Cooperativa de Reciclagem da Baixada Pará acompanharam as equipes da Promotoria de Meio Ambiente e SEBRAE/AP, e os novos parceiros da iniciativa, Tribunal de Contas do Estado (TCE), Assembléia Legislativa do Amapá (ALAP), Tribunal de Justiça (TJAP) e Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAO), na visita técnica ao Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) em Mato Grosso. É mais uma etapa prevista e cumprida do Termo de Cooperação Técnica assinado entre Ministério Público do Amapá (MP-AP) e SEBRAE/AP, para capacitação e formalização da primeira Cooperativa de Reciclagem do Amapá.

O objetivo da missão foi de conhecer experiências de sucesso nas áreas de reciclagem e sustentabilidade em regiões que avançaram no sistema de proteção ambiental, reaproveitamento de resíduos e criação de instituições empresariais e comunitárias com geração de renda e fomento de empregos. Esta iniciativa fundamenta o processo de concepção e capacitação dos moradores da comunidade Baixada Pará que se preparam para começar a trabalhar a reciclagem de de resíduo de caroço de açaí para ser utilizado na fabricação de material de construção cobogó.

No CSS os visitantes foram recebidos pelo superintendente do SEBRAE do Mato Grosso, José Guilherme Ribeiro, que fez um relato sobre os caminhos percorridos até que o Centro entrasse em funcionamento, dez anos atrás. O prédio foi pensado para ser um modelo de arquitetura sustentável, valorizando a sabedoria indígena na construção de aldeias e melhor aproveitamento da natureza, que ganharam adaptações modernas. As inovações no CSS são reconhecidas mundialmente e garantiram prêmios e certificações brasileiras e estrangeiras.

Foi possível os visitantes observarem que é viável morar e trabalhar na cidade utilizando energia solar, água da chuva e ventilação natural, fazer coleta seletiva, aproveitar sobras de alimentos para produzir adubo para plantas, reutilizar papel e pneus, eliminar descartáveis plásticos do uso diário. “A visita ao CSS foi nossa porta de entrada neste mundo de possibilidades e boas práticas. É sim possível o ser humano viver no planeta terra usufruindo do que o meio ambiente nos proporciona sem destruí-lo e ainda se organizar social e economicamente.”

No roteiro em Cuiabá, organizado pelo SEBRAE do Mato Grosso e Amapá, o grupo esteve acompanhando o trabalho no Ecoponto Lixo Zero com os voluntários do movimento Teoria Verde, que atuam na seleção de resíduos que são vendidos para empresas que fazem o reaproveitamento, e a renda da comercialização é investida em projetos sociais e ambientais, instituições de educação saúde e amparo a vulneráveis. “Estou impressionada com o modo de trabalho deles. Já ouvi falar do Lixo Zero em Macapá, mas não sabia como eles atuavam e de como são importantes para o meio ambiente”, citou Edicleuza Lima, da comunidade Baixada Pará.

A segunda parte da visita foi organizada para que os visitantes conhecessem como funcionam os empreendimentos que fazem a reciclagem, como é o sistema de trabalho coletivo, da chegada dos resíduos ao processamento para que se transforme em matéria prima para outros produtos. A empresa Eco Descarte, foi a primeira do roteiro, mostrando como os eletrônicos e eletrodomésticos descartados por empresas e sociedade são reaproveitados, o processo de separação e reciclagem até o produto final, que é colocado novamente no mercado a um preço mais barato.

Na Canaã Recicláveis a aula foi sobre reaproveitamento de papel, plástico e papelão, que chegam na empresa após serem comprados de cooperativas de catadores e movimentos como Lixo Zero e Teoria Verde. O processo de triagem, compactação, trituração, descaracterização e destinação final para empresas que reutilizam a matéria foi mostrado. “ Aprendi o quanto é importante o trabalho de cada pessoa. É um ciclo que envolve muitas frentes, principalmente do nosso foco, que é Cooperativismo. Nestes processo todos ganham, do meio ambiente às pessoas envolvidas. Muito interessante ver isso na prática”, pontuou Abinadabe Marques.

Para fechar a programação em Cuiabá, os visitantes foram levados até a Cooperativa Alternativa de Catadores, Reciclagem e Preservação do Meio Ambiente do Mato Grosso (COOREPAM), que faz a reciclagem de embalagens plásticas de produtos de limpeza e alimentos, sacolas, papel, garrafas pet e papelão. A presidente Maria Aparecida e a cooperada Raimunda, fizerem relatos e tiraram dúvidas. A Cooperativa existe desde 2005 e hoje tem 27 famílias sócias, um caminhão, três prensas e são responsáveis por abastecer fábricas que reutilizam o resíduo prensado.

“Coletamos em condomínios, nos ecopontos e temos parcerias com associações de catadores. Cumprimos metas, pagamos nossas despesas, mantemos nosso fundo de reserva para emergências da cooperativa e das famílias e um fundo social para ajudar projetos da comunidade, e o lucro é dividido. Não é só querer dinheiro e emprego, é preciso compromisso ambiental, organização e responsabilidade” explicaram as cooperadas.

O grupo retornou ao Amapá nesta quinta-feira, 21, com o compromisso de repassar os conhecimentos para os demais integrantes da futura Cooperativa de Reciclagem, e junto com os novos parceiros, dar continuidade ao processo de construção de idéias voltadas para a preservação do meio ambiente, reaproveitamento de resíduos, aproveitamento de energia e água, redução de uso de papel e descartáveis e do descarte de lixo no aterro de Macapá. O promotor Marcelo Moreira irá reunir com os representantes da comunidade Baixada Pará para fazer uma avaliação da missão e organizar os próximos passos para a consolidação da Cooperativa de Reciclagem.

“Uma experiência de muito conhecimento para todos que estão envolvidos neste processo de mudança de práticas ambientais voltado para o tripé da sustentabilidade. É preciso o envolvimento de todos, porque os benefícios são para todos, direta ou indiretamente. O SEBRAE é parceiro do MP-AP e agrega um conjunto de ações voltadas para negócios e sustentabilidade. Vamos somar com as entidades parceiras para que o Amapá também seja exemplo de preservação ambiental, geração de renda e conscientização”, disse o diretor-superintendente do SEBRAE/AP, Waldeir Ribeiro.

A criação da Cooperativa de Reciclagem da Comunidade Baixada Pará é resultado do projeto de educação ambiental do MP-AP Colorindo o Futuro, planejado e executado pela Promotoria de Meio Ambiente. Neste ano foi assinado um Termo de Cooperação Técnica entre as duas instituições, para a capacitação e criação formação da cooperativa. Após as capacitações iniciam os testes do cobogó de caroço de açaí, estudos de mercado e perspectivas de marketing e formalização da instituição.

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