MP-AP monitora abastecimento de oxigênio e cobra providências para evitar colapso

Promotores falam da iminente crise de desabastecimento de oxigênio no Amapá devido ao crescente número de internações de pacientes com a Covid -19, em estado grave.

Da Redação

Nesta segunda-feira (22), os promotores de Defesa da Saúde do Ministério Público do Amapá (MP-AP), Fábia Nilci e Wueber Penafort, reuniram com representantes da empresa White Martins; membros do Ministério Público Federal e gestores da saúde do Município de Macapá e do Estado, para tratar da iminente crise de desabastecimento de oxigênio no Estado do Amapá. Devido ao crescente número de internações de pacientes com a Covid -19, em estado grave, houve um aumento súbito de 200% na necessidade de fornecimento de oxigênio.

Os representantes da empresa White Martins: Paulo Burana – diretor executivo de Negócios, Wilton Ferreira, Gerente Executivo de Negócios e Caroline Souza, Gerente Jurídica, informaram que a empresa não foi comunicada pelos gestores públicos – com a devida antecedência – sobre esse aumento de demanda.

“O gargalo não é produção de oxigênio. Nós não controlamos demandas. Só sabemos depois do que aconteceu. O consumo subiu de 14 cilindros para 70. Gostaríamos de ter sido avisados antes, para que pudéssemos nos planejar. A responsabilidade de fornecer oxigênio é, acima de tudo, humanitária”, explicou a empresa.

A White Martins reforçou aos secretários de Saúde de Macapá, Karlene Lamberg, e do Estado, Juan Mendes, que a empresa precisa saber qual a demanda real, para saber se pode suprir imediatamente ou se precisará recorrer a algum tipo de reforço. “Nunca vivemos uma situação tão crítica como vivenciamos ontem (21). Não temos nenhum interesse em deixar de abastecer, mas, vamos precisar de mais cilindros e outra logística de transporte”, acrescentaram.

No último dia 4 de março, ao tomar conhecimento de eventual crise de abastecimento de oxigênio para o Amapá e temendo que o mesmo cenário vivenciado no Acre e Amazonas se repita no Estado, a procuradora-geral de Justiça do MP-AP, Ivana Cei, mandou documento para a White Martins pedindo informações sobre a possibilidade de desabastecimento. Em resposta, a empresa demonstrou que houve um aumento significativo de leitos para pacientes com Covid, sem o devido planejamento de suporte de oxigênio.

A resposta técnica da empresa foi encaminhada para todos os gestores de unidades de saúde, além do governador, Waldez Góes, e prefeito de Macapá, Antônio Furlan, para que providencias sem o devido planejamento e informassem precisamente o aumento dessa demanda por oxigênio.

Reunião

Aspecto da reunião virtual para tratar da iminente crise de desabastecimento de oxigênio no Estado do Amapá.

Durante a reunião de hoje, foi pactuado pelos gestores da saúde com os membros do MP-AP e o procurador da República, Pablo Beltrand, que o município de Macapá manterá todos os esforços para transferir pacientes internados em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para um único centro, o Covid do Santa Inês, sem abertura de novos leitos em UBS, justamente pela falta de estrutura de distribuição de oxigênio . “Ideal é que os pacientes mais complexos estejam nas unidades com mais estrutura, onde não tenha tanta incerteza de desabastecimento, como é o caso do cilindro, até que consigam um leito o Hospital Universitário (HU)”, reforçou a promotora Fábia Nilci

Por outro lado, o secretário de Saúde do Estado (SESA), Juan Mendes, informou que segue no esforço pela abertura de mais 10 leitos clínicos e 10 de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Zona Sul, para receber todos os doentes internados em UBSs, porém, sem garantias de que haverá leitos para todos os pacientes. “ O Plano de contingência inicial era 120 leitos, já estamos chegando em 300, mas nossa prioridade é atender os pacientes das UBSs”, disse. Atualmente, o HU está com 193 leitos ativos.

A expectativa é de que a usina de produção de oxigênio no Vale do Jari entre em funcionamento até a próxima quarta-feira (24), o que aliviaria o consumo por cilindros. “O vale do Jari consome o mesmo que as UBSs de Macapá. Cerca de 70 cilindros por dia”, exemplificou o secretário.

“Tivemos mais uma reunião de diagnóstico para termos a real noção do que está acontecendo. O cenário é muito grave. Caso não façamos um esforço para aumentar as medidas de restrição e diminuir a circulação de pessoas, não vamos conseguir diminuir essa curva de contágio”, reforçam o promotores da Saúde Fábia Nilci e Wueber Penafort.

A Assessoria técnica da Promotoria da Saúde, Elizeth Paraguassu também participou da reunião, assim como o procurador do Município, Simão Tuma.

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