Naufrágio: Capitão dos Portos diz no Senado que todas as hipóteses serão apuradas

Convocado por Randolfe, o capitão-de-fragata Carlos Augusto de Souza Júnior diz que inquérito vai trazer respostas aos questionamentos obre causas do acidente.

O resgate e as buscas após o naufrágio da embarcação Anna Karoline III, na manhã de 29 de fevereiro, no rio Jari (AP), foram debatidos por representantes da Marinha em audiência conjunta das Comissões de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) e de Fiscalização e Controle (CTFC), presidida na manhã desta terça-feira (10) pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

O capitão dos portos do Amapá, comandante Carlos Augusto, explicou que o navio era certificado na Marinha para o transporte de até 242 pessoas e até 95 toneladas de carga, sendo 6 toneladas destinadas a carga de frigorífico. O navio saiu de Santana (AP) rumo a Santarém (PA), numa viagem que duraria cerca de 36 horas. O naufrágio — ocorrido provavelmente após 10 horas de viagem — deixou 33 mortos e 51 sobreviventes. Uma mesma família perdeu 16 pessoas.

Estima-se que nove pessoas estejam desaparecidas, mas a Marinha não confirma o número. O barco está virado no fundo do Rio Jari, a cerca de 12 metros de profundidade. Um lado dos camarotes está inacessível para os mergulhadores da equipe de buscas e salvamento.

Relatos de sobreviventes apontam que, no momento do naufrágio, não teria sido dado o alerta, e muitas pessoas teriam morrido enquanto dormiam. Uma das vítimas contou à imprensa que havia 110 toneladas de açúcar no porão do Anna Karoline III. “Todas as hipóteses para o naufrágio estão sendo consideradas: mau tempo, excesso de carga e problema na transferência de combustíveis são algumas delas. Não descartamos nada ainda no inquérito e a perícia no navio deverá responder muitas dessas perguntas”, disse o comandante.

Acidente

Marinha e Governo do Estado seguem com buscas por vítimas e acolhimento de sobreviventes e familiares | Foto: Maksuel Martins

O aviso do naufrágio foi dado via rádio (no local não há sinal de celular) e a Marinha só conseguiu confirmar as informações com o comandante do navio meia hora depois, às 7h30 do dia 29 de fevereiro (sábado).

A partir daquele momento, as equipes de resgate, mergulhadores e bombeiros foram acionados. Trabalharam nas buscas 7 coordenadores, 60 pessoas de logística e 110 militares. Corpos foram encontrados até 40 km afastados do local do naufrágio.

Entre os equipamentos usados estão dois helicópteros (que demoraram mais de uma hora para acessar o local do naufrágio), quatro lanchas e quatro embarcações da Marinha, que chegaram horas depois, devido à distância do ponto do acidente. O barco está completamente submerso, segundo fotos exibidas pelos comandantes. A marcação do local do naufrágio se dá por uma boia.

O comandante Carlos Augusto afirmou que as urnas com os corpos estão sendo transportadas de barco até a cidade de Gurupá (PA). O trajeto dura cerca de duas horas. Lá são colocadas no helicóptero (apenas quatro por viagem) e levadas para o local do sepultamento.

A Marinha já recebeu e avaliou o plano de reflutuação do navio. Algumas pendências apontadas para a empresa que fará o procedimento estão sendo resolvidas hoje, segundo o comandante Carlos Augusto. Uma das preocupações neste momento é com o maquinário que puxará o navio e com a preservação dos tanques para reduzir a possibilidade de vazamento de óleo.

Fiscalização

O senador Zequinha Marinho (PSC-PA) contou ter ido ao local apoiar as famílias e pediu à Marinha mais fiscalização sobre as embarcações. “Cumprimento a Marinha pelo trabalho e peço que apertem a fiscalização para evitar acidentes como esse, que exterminaram uma família e trazem angústia”, disse.

Randolfe sugeriu que sejam criados terminais hidroviários no Amapá para reforçar a fiscalização e reduzir a possibilidade de naufrágios. Citando dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o senador calculou que cerca de 9,7 milhões de pessoas transitam de barco, com 3,4 milhões de cargas embarcadas em 2017.

Também na mesa de debates, o capitão dos portos da Amazônia Oriental, comandante Manoel Pinho, acrescentou que, além de socorro em acidentes como o do navio Anna Karoline III, a Marinha se empenha em educar especialmente crianças para a segurança da navegação em cidades ribeirinhas, uma vez que diversos produtos, como o açaí, por exemplo, são transportados em pequenos barcos. “Nós formamos esses aquaviários e damos noção de empreendedorismo”, completou.

Fonte: Agência Senado

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